A importância da atenção individualizada à mulher no manejo da endometriose
O dia 7 de maio é considerado o Dia Internacional da Luta contra a Endometriose, uma oportunidade para trazer conscientização sobre a doença que no Brasil atinge cerca de 7 milhões de mulheres. Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE) revela ainda que mais de 60% das mulheres desconhecem os sintomas do problema. Só em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações registradas na rede pública de saúde.
O que é
A endometriose é uma condição comum e crônica que pode afetar a saúde, a fertilidade e a qualidade de vida de uma mulher. Por isso, de acordo com a Dra. Eliane Espíndola, ginecologista e obstetra do Mater Dei Santa Genoveva, é importante oferecer à paciente um atendimento abrangente e individualizado. Nesse atendimento precisa estar claro suas necessidades exclusivas com o objetivo de diagnosticar com precisão e eficiência a endometriose e usar o tratamento menos invasivo possível. Assim, é possível gerenciar os sintomas, objetivos e planos reprodutivos de cada mulher.
“O principal para cuidar dessas pacientes é manter uma abordagem individualizada, porque eu tenho que saber em que fase da vida ela está, quais são os objetivos, os projetos de vida de cada mulher. Por exemplo, se ela deseja engravidar logo, se quer uma gravidez mais tardia ou mesmo se não tem planos de engravidar ou se está na pré-menopausa”, esclarece a médica e completa: “Entendendo o cenário da vida dela podemos encaminhar para uma investigação mais profunda. Como, por exemplo, exames diagnósticos como a videolaparoscopia, que precisa ser muito bem avaliado e indicado por ser mais invasivo, ou por meio da ultrassonografia com preparo intestinal. Mas o diagnóstico clínico é o fundamental”, diz a Dra. Eliane.
Diagnóstico e Tratamento
Após o diagnóstico e o conhecimento sobre a paciente, são avaliadas as melhores formas de tratamento individualizado, dependendo de considerações como a gravidade dos sintomas, a extensão da doença e os desejos reprodutivos. As opções de tratamento podem incluir terapias médicas, tratamentos cirúrgicos e recomendações de estilo de vida como dieta e exercícios. “Por exemplo, se a paciente estiver em fase reprodutiva e quiser engravidar, o anticoncepcional usado de forma contínua suspende a menstruação e vai oferecer ótima qualidade de vida. Se ela deseja engravidar, não usa métodos contraceptivos e está dentro do protocolo cronológico, às vezes não precisa fazer nada, ela engravida de forma natural. Mas se ela apresenta dificuldades para engravidar podemos indicar um acompanhamento para fertilização, se for o caso. Às vezes tem paciente que precisa do tratamento cirúrgico, pois pode ter um endometrioma que está comprimindo o reto, por exemplo, causando muita dor e precisa ser retirado. Ou então para uma paciente que já está na perimenopausa e tem muito sintomas, posso indicar um medicamento que atenue os efeitos do estrogênio e daqui a pouco ela entra na menopausa e vai responder com uma boa melhora”, afirma a médica.
É importante que a paciente entenda a conduta indicada e conheça mais sobre o próprio corpo para perceber que nada é tão trágico quanto pode parecer. A especialista acrescenta que a mulher precisa colaborar e ter consciência de que se fizer atividade física, mudar hábitos de vida e tiver uma vida mais saudável, vai agir diretamente na boa resposta desse quadro de endometriose. Conforme ressalta a médica, a endometriose pode interferir negativamente na vida da mulher causando, além dos sintomas físicos, distúrbios de comportamento como irritabilidade nervosismo, melancolia, insônia e tudo que pode vir daí. “Os familiares e pessoas de relacionamento social precisam parar de lidar com essas mulheres de forma pejorativa, dizendo que a mulher vive de TPM. Pois a endometriose realmente atrapalha a vida da mulher, mas tem tratamento”, finaliza.
Sobre a endometriose
A Dra. Eliane Espíndola explica que a endometriose são células do endométrio (camada mais interna do útero) que se implantam de uma maneira patológica e irregular em qualquer outro lugar da cavidade pélvica. Podem ter células de origem interna do útero na bexiga, trompas, intestino etc., muitas vezes apresentadas com aspectos de rede, com focos espalhados na pelve e também nódulos, chamados de endometriomas. A endometriose afeta cerca de 10% (190 milhões) das mulheres e meninas em idade reprodutiva em todo o mundo.
As mulheres com endometriose podem experimentar uma diversidade de sintomas, muitos dos quais são vagos e podem se sobrepor a outras condições. Esses sintomas incluem:
Períodos menstruais dolorosos
Dor pélvica crônica
Relação dolorosa
Sangramento irregular
Fadiga
Problemas digestivos, incluindo diarreia, constipação, inchaço ou náusea
Sintomas dolorosos da bexiga.
Além do acima, a endometriose pode causar infertilidade devido aos prováveis efeitos na cavidade pélvica, ovários, trompas ou útero. Um levantamento do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas apontou que a cada dez mulheres que são inférteis, quatro delas têm endometriose.