Partnership se destaca como modelo de negócios da atualidade
Um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas na atualidade, é a rotatividade de pessoal ou “turnover”, termo utilizado para definir a flutuação entre os que ingressam e os que saem, acarretando o dispêndio de recursos financeiros, impedindo o crescimento das organizações. Os dados do Novo Caged — Cadastro Geral de Empregados e Desempregados —, indicam que o número de admissões de 1,95 milhões, no mês de março de 2022, está muito próximo do número de desligamentos de 1,81 milhões. Por isso a partnership vem sendo adotada como modelo de gestão para vencer o desafio da retenção de bons profissionais. “É um movimento que aos poucos vem convencendo o empresariado brasileiro sobre esta nova metodologia de prestigiar os talentos dentro da empresa”, define o advogado Marcos Nunes que é mestre e doutorando em Direito Empresarial.
Na visão do advogado Marcos Nunes, a partnership é um modelo de negócios que veio para ficar. “Vem para reforçar o espírito empreendedor de cada colaborador, desde que ele tenha preenchido os requisitos que demonstrem, efetivamente, interesse em vestir a camisa da empresa, em dar um passo a mais, em estar junto”, disse. “A soft skills desses colaboradores é muito considerada para observar a adequação ao fit cultural das empresas, ao quanto ele está disposto a lutar e a trabalhar junto pelo crescimento da organização a qual ele faz parte”, afirma.
Espírito de equipe
Parceria é a tradução literal de partnership, mas o seu verdadeiro significado no meio empresarial é de sociedade, embora se dê de maneira diferente do comum. Segundo o advogado Marcos Nunes, o colaborador é convidado a adquirir cotas e a tornar-se sócio da empresa, tanto na limitada quanto na sociedade anônima. “Muitas vezes ele utiliza o próprio salário ou bônus para converter em participações societárias que vão lhe trazer outros benefícios diretos e indiretos. E a partir disso, é despertada uma fidelidade muito maior desse colaborador. Ele se sente efetivamente chamado a trabalhar pelo espírito da empresa, a proporcionar economia para a empresa, fazendo com que o rendimento de todos seja muito maior e a partilha do resultado seja realmente saudável e eficaz”, explica. “É provocar o olhar de dono em cada um dos colaboradores, inclusive nos celetistas que podem permanecer nessa condição, mas, ao mesmo tempo, se tornar acionistas da empresa que estão trabalhando”, define.
Esse modelo de gestão é possível em qualquer tipo ou porte de empresa. “É claro que sempre fazendo estratégias adequadas para cada uma, cada caso concreto, entendendo as necessidades da sua gestão, mas, é perfeitamente cabível em qualquer modelo empresarial”, informa.
Processo jurídico
De acordo com o advogado, a partnership é um processo de organização tanto financeira quanto jurídica da empresa, por se tratar também de uma forma de organização da remuneração de todos os envolvidos na operação. Por isso a necessidade de se ter um plano de remuneração, de segmentação e de valores das cotas sociais, bem definidos. “É saudável que as cotas tenham um valor fixado, justamente para não caracterizar forma de remuneração que possa gerar obrigações trabalhistas, mas que reflita a aquisição desse direito de participação societária”, orienta.
Existem várias operações e estratégias para que a partnership possa se concretizar, desde a possibilidade da sua retirada, do aumento na participação do capital social, da reserva dos poderes de comando e direção dos fundadores da empresa, entre outros instrumentos traduzidos para documentos jurídicos que vão garantir os direitos e deveres de cada um que ingressar no quadro societário.
“O maior cuidado que se deve ter é na questão do merecimento. Nós ainda temos dificuldade em prestigiar o merecimento, e a partnership vem justamente para valorizar o mérito do colaborador que se destaca e vem vestindo a camisa da empresa”, afirma. Nesse sentido, Marcos Nunes orienta a criação de avaliações periódicas, ao menos semestrais dos colaboradores, como estratégias para defender e destacar quem efetivamente possui o perfil para ocupar essa posição. “É sem dúvida uma forma eficaz de prestigiar o mérito de quem se destaca no quadro funcional”, conclui.