Como empresários do varejo podem se recuperar, apesar das perdas no setor
O mau desempenho da economia brasileira traz reflexos para diversos setores, e o varejo tem sido fortemente prejudicado, pois a queda nas vendas que tem se seguido por meses. Empresários do ramo precisam se reinventar diariamente, uma vez que o varejo tem ligação direta com o cenário macroeconômico. Os exemplos mais recentes das reações negativas do mercado são de duas grandes varejistas brasileiras que vêm acumulando perdas na Bolsa de Valores.
A receita para esse ambiente de perdas é uma combinação de inflação alta, competição e desaceleração do crescimento. “O momento é de muita preocupação porque o empresário não consegue repassar o juro para o consumidor final e com isso, o custo da operação cresce”, afirma Ricardo Nunes, que atua no ramo de desenvolvimento e formação empresarial. “É preciso ficar atento, buscar alternativas para não perder mais volume de vendas, o que aumenta o custo, uma vez que não é possível diluir a despesa. Muitas empresas vão embora num momento como esse. E a culpa nem sempre é da empresa, é do mercado”, observa.
Em 2021 o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede a inflação, ultrapassou os dois dígitos e fechou em 10,06%. O ritmo segue acelerado em 2022 e deriva de fatores como a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia, por exemplo, atrelados a questões anteriores. No final de junho o Banco Central admitiu que a inflação este ano vai estourar o teto da meta, o que significa que o Brasil pode ter por dois anos consecutivos inflação acima de dois dígitos, algo inédito desde o Pano Real. A informação consta no Relatório de Inflação do segundo trimestre, divulgado pelo banco.
Inflação alta reflete diretamente sobre as ações de algumas empresas e o resultado é o comprometimento da receita. As varejistas, por não conseguirem repassar o aumento da indústria para o seu preço final, passam por uma verdadeira crise, em um cenário de altas taxas de desemprego, que já vinham reduzindo o consumo.
Fundador da Ricardo Eletro, que chegou a ser uma das maiores varejistas do país, até ser vendida para um fundo norte-americano, Ricardo Nunes lamenta o momento atual: “É muito triste, mas é a vida como ela é. O empresário precisa ter atenção redobrada. Se ele estiver fora do dia a dia da empresa é hora de voltar para o comando. Pega o mancho e segura, porque isso é fundamental neste momento”, analisa.