Paciente de cirurgia vascular do HMB faz alerta para os danos do tabagismo
Fumante, que está entre os primeiros pacientes operados, conta sua história para conscientizar sobre os perigos que o cigarro pode causar
Morador do bairro do Perus, no noroeste da cidade de São Paulo, José Armindo de Moraes, de 74 anos, chegou ao Pronto-Socorro do Hospital Municipal da Brasilândia (HMB) com fortes dores na perna direita. “Aqui foi muito rápido. O médico da porta percebeu a gravidade do meu caso e já me encaminhou para os exames que mostraram as veias arruinadas”, relata o aposentado, um dos primeiros encaminhados para a cirurgia vascular, nova especialidade aberta no hospital administrado pelo Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimentos – IMED.
Prestes a ter alta, ele contou a sua história para servir de alerta a quem ainda não entendeu o risco que o fumo traz para a saúde. “Fumei por uma vida inteira, mas nunca pensei que teria problemas tão graves”, analisou o aposentado. O procedimento de Moraes foi realizado no dia 20 de maio. Uma cirurgia de amputação suprapatelar direita devido a um quadro de complicações motivado pela Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP). Caracterizada pelo depósito de elementos nas paredes das artérias, a DAOP causa déficit sanguíneo nos membros e é uma patologia causada, na maioria das vezes, pelo uso do tabaco. “Meu conselho a todos é que nunca mexam com cigarros por que isso só faz o mal”, alertou, acreditando que seu caso servirá como exemplo para muitos.
Fumo e doenças
“Praticamente todas as doenças vasculares possuem ligação direta ou indireta com o tabagismo e com os produtos derivados do tabaco. A aterosclerose, que constitui a base fisiopatológica para o desenvolvimento do infarto agudo do miocárdio, do acidente vascular cerebral e da doença arterial periférica, conhecida como má circulação. Além disso, o tabaco está diretamente relacionado às doenças cardiovasculares, cerebrovasculares, respiratórias crônicas, câncer e diabetes”, informa Rafael Monteiro, cirurgião vascular do HMB.
E os riscos não se restringem aos que fumam. Quem convive com fumante é considerado fumante passivo e pode desenvolver os mesmos problemas por inalar a fumaça tóxica. O Dia Mundial Sem Tabaco, 31 de maio, foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. Segundo a OMS cerca de 156 mil pessoas morrem por ano no Brasil em consequência do tabagismo.
Vida de fumante
Moraes fumou por 65 anos. O aposentado relata que o vício é algo dominador. Amante de jogos, ele afirma que quando estava se divertindo e com cigarros por perto, fumava até mais com a sensação de conseguir controlar a ansiedade. “Minha vida era ficar no computador, fumando e jogando”, conta, quando questionado sobre como era a vida de tabagista.
Hoje, após a necessidade de realizar a amputação da perna direita, diz que gostaria de ter cuidado melhor de sua saúde e ouvido os conselhos de seus filhos e sobrinhos, mas que agora lhe resta aproveitar a nova oportunidade e não deixar que algum outro membro venha sofrer com operações de urgências. “Agora parei de vez e, se puder, vou usar meu caso para conscientizar quem está a meu alcance”, avisa.