FAEP apoia construção de fogão solar por três alunos da ETEC Jaraguá
O Brasil vive um cenário econômico conturbado, que vem afetando, principalmente, as camadas mais pobres do país. A elevação dos preços de produtos básicos está esvaziando o bolso de muitas famílias brasileiras. Um dos exemplos é o gás de cozinha: de acordo com levantamento semanal da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), publicado em 13 de outubro de 2022, no portal Infomoney, o produto está 25% mais caro no Brasil, do que no exterior. Enquanto um botijão de 13 kg custa, aproximadamente, R$ 39 em outros países, a Petrobras cobra R$ 49, 19 no Porto de Santos. Já para o consumidor final, o preço se eleva para R$ 112,13, com o acréscimo de impostos e margens de revenda.
Diante de todo esse panorama, e pensando em uma alternativa segura, sustentável e econômica ao uso do gás de cozinha ou lenha, três estudantes do ensino médio integrado ao ensino técnico em eletrotécnica, da ETEC Jaraguá, em São Paulo – Caio Gabriel da Silva (18), Ivan Olégario de Matos Júnior (17) e Fábio Barreto de Araújo (17) –, desenvolveram um fogão solar parabólico, capaz de concentrar os raios solares para o cozimento dos alimentos. Sob orientação do professor Jean Mendes Nascimento, o projeto recebeu apoio da Faculdade de Educação Paulistana (FAEP) para a aquisição parcial dos recursos necessários.
A iniciativa do patrocínio veio da diretora acadêmica da FAEP, Vânia Costa, também professora de Física da ETEC Jaraguá. Ela se interessou pelo trabalho dos estudantes e intermediou o contato com a diretoria geral da faculdade que custeou, parcialmente, o protótipo do fogão solar. “Para nós, da instituição acadêmica, é extremamente importante oferecer apoio aos alunos para a realização de trabalhos como esse, a fim de que possam desenvolver todo o seu potencial. Afinal, nós sabemos que as escolas públicas não recebem verba para patrocínio desses projetos e os alunos possuem dificuldades em arrecadar recursos para concretizá-los. Por isso, nós sempre buscamos apoiá-los, dentro de nossas possibilidades, por meio de parcerias”, ressalta a diretora.
De acordo com Ivan Olegário, um dos jovens que atuou na construção do fogão solar, a ideia do projeto surgiu durante as aulas de planejamento e desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso em Eletrotécnica. Na ocasião, os estudantes foram introduzidos à abordagem científica, com explicações sobre a metodologia de engenharia e incentivo à observação dos problemas locais. “Por conta disso, após ver um vídeo sobre fogões solares nas redes sociais, passei a avaliar a possibilidade de aplicar essa tecnologia na comunidade local, sendo que a ideia foi bem recebida pelos demais integrantes do grupo de TCC e pelo professor orientador, que nos incentivou a buscar uma forma de aplicar nisto os conhecimentos técnicos obtidos durante o curso”, explica Ivan.
O projeto vem sendo desenvolvido há 4 meses, a partir de pesquisas sobre o potencial local de utilização dos fogões solares. “Em seguida, desenvolvemos um projeto 3D e modelamos uma ideia inicial que, ao longo da elaboração do protótipo físico, sofreu diversos ajustes visando um design mais eficiente, com a adição de movimento automatizada no fogão solar sendo bem trabalhosa, porém, proveitosa para melhor captação dos raios solares.”
Além disso, Ivan destaca que o equipamento está sendo elaborado de maneira que ganhe autonomia para ser utilizado, também, em momentos de baixa incidência solar: “O fogão solar que estamos desenvolvendo já conta com uma movimentação similar ao dos girassóis para seguir a trajetória solar, com a adição de um sistema de indução removível alimentado por energia fotovoltaica, em fase de testes”.
O projeto já alcançou resultados parciais e foi exposto na 12ª Feira de Ciências e Tecnologia Bragantec, realizada entre os dias 6 a 8 de outubro de 2022, no Instituto Federal de Bragança Paulista, onde concorreu ao prêmio de sustentabilidade na área de engenharia. “Para mim, a feira foi uma excelente experiência, com mais de 80 projetos expostos, provenientes de 29 escolas. Foi uma ótima oportunidade de contato com estudantes de outras instituições e avaliadores atuantes no meio acadêmico. Nós recebemos excelentes comentários sobre nosso fogão solar e os avaliadores demonstraram grande interesse, o que significa que estamos no caminho certo”, conclui.
Para Vânia Costa, esta é mais uma demonstração da importância de investir no potencial dos educandos para que possam fazer a diferença na sociedade em que vivemos.