Mercado de tatuagem cresce em período de crise
De acordo com uma pesquisa divulgada pela IBIS World, a indústria global de tatuagem cresceu 23.2% em 2021, superando a porcentagem prevista para bens de consumo e serviços no ano passado. Nos Estados Unidos, país que figura na terceira posição no ranking dos mais tatuados, o setor movimenta cerca de $1,4 bilhões de dólares por ano. No Brasil, nono colocado entre as nações mais tatuadas, o setor superou o resultado global, com um crescimento anual de 25%, segundo o Sebrae.
O fenômeno nacional é confirmado por tatuadores como o artista especializado em realismo, Jorge Oliveira, proprietário do estúdio Vertigem Tattoo, em Porto Alegre. “Estamos vivendo um dos melhores momentos da indústria brasileira de tatuagem”, afirma o profissional. Com 25 anos de experiência e uma lista de tatuados que inclui o jogador argentino Andrés D’alessandro, Jorge afirma que a crise econômica provocada pela pandemia não teve impacto negativo no ramo de tattoos. Pelo contrário, atraiu mais pessoas para os estúdios. “Tem um novo público interessado em tatuagem, gente de todas as idades buscando registrar uma história ou a imagem de pessoas queridas na própria pele”, diz.
Segundo pesquisa publicada pela Insider, no período da pandemia, retratos ultrarrealistas e desenhos com motivos espirituais entraram para o hall dos mais pedidos nos estúdios norte-americanos. “Estão em alta os desenhos exclusivos, com significados pessoais”, afirma o estudo. O estilo realista, popularizado por artistas internacionais como o uruguaio Victor Portugal e o americano Steve Butcher, é tendência também entre os brasileiros. “O Brasil é um dos principais fornecedores de técnicas e avanços dentro da tatuagem realista. Somos referência internacional”, diz Jorge, que desde o ano passado, ministra cursos online para profissionais de diferentes países. “Na medida que cresce a demanda, aumenta também a necessidade de aperfeiçoamento dos tatuadores”, afirma.
A fase positiva nos estúdios vem acompanhada de uma baixa no abastecimento de suprimentos como tintas, agulhas, luvas e máscaras, com produtos até 500% mais caros. Vem daí que ter uma tatuagem na pele também encareceu. Nos Estados Unidos, país com mais de 25 mil estúdios, o preço de uma tattoo gira em torno de $150 dólares a hora e depende do tamanho e da complexidade do desenho. No Brasil, o valor varia de acordo com o profissional e a qualidade dos produtos utilizados – incluindo os importados, que devem contar com aprovação da Anvisa.