Varejo deve se preparar para a Black Friday com antecedência
A pouco mais de um mês para uma das principais datas do varejo, aguardada ansiosamente por comerciantes e clientes, a Black Friday deste ano será em 25 de novembro. Ele é uma data que movimenta diversos segmentos e setores, necessitando de um planejamento minucioso para nada sair errado e se conseguir o melhor resultado possível.
Para tal, é necessária a preparação de toda a cadeia de produtos e distribuição, desde os fornecedores de produtos, passando por instalações logísticas, estrutura de transporte, time de vendas, tecnologia e atendimento ao cliente para suportar o aumento de demanda da data.
“Analisar os erros e acertos da última edição pode ser uma boa maneira para começar”, aconselha o engenheiro Rodrigo Barros, sócio da Connexxion Consulting, empresa especializada em consultoria logística. Segundo ele, uma das principais variáveis para a preparação é o plano de vendas já que fazer previsões assertivas é uma tarefa naturalmente desafiadora, principalmente diante da incerteza do cenário econômico atual, principalmente por conta do pleito eleitoral.
“Já temos boas notícias como a aceleração do setor de serviços e o aumento do consumo das famílias, que devem liderar a expansão do segundo semestre”, revela o profissional. De acordo com ele, outra notícia que pode impulsionar o consumo é a PEC dos auxílios à população e o aumento das despesas governamentais em anos eleitorais. “Ao injetar recursos na economia, é esperado impacto positivo nos gastos dos consumidores”, explica.
O executivo aponta outros fatores como: desemprego em queda, apesar de a taxa ainda estar num patamar elevado, em torno de 10%. “Este é um fator que motiva as pessoas às compras”, diz.
O engenheiro Marcio Matsuda, também sócio da Connexxion Consulting, chama atenção para um ponto importante que deve ser considerado no planejamento. “Inflação persistente, em torno de 11% nos últimos 12 meses, alta no preço dos alimentos e energia estão consumindo uma parcela importante da renda do consumidor. Aliada a uma taxa de juros elevadas, o fato desestimula a compra de produtos duráveis e semiduráveis”.
Matsuda informa que a projeção era de um crescimento de 18% para a Black Friday de 2021. Atingiu R$ 5,4 bi de reais de faturamento, 5% superior a 2020. Contudo, o crescimento ficou bem aquém da expectativa inicial. E bem distante dos robustos 31% de crescimento da edição de 2020.
“Olhar o histórico de crescimento dos anos anteriores terá pouca serventia para planejar a data neste ano. Saber se a Copa do Mundo em novembro terá um efeito positivo com o aumento da venda de televisores ou muito negativo por coincidir com o calendário da Black Friday ainda é um tema polêmico entre os especialistas do setor”, afirma.
Barros explica que, depois de se analisar os cenários acima citados, agora é o momento de planejar as necessidades da operação sob os diferentes aspectos listados abaixo, considerando o nível de serviço desejado para a data.
- Estoque e Capital de giro;
- Dimensão das instalações;
- Equipamentos de armazenagem e movimentação;
- Capacidade de transporte;
- Quantidade de colaboradores.
“Cada um destes aspectos gerará uma previsão de despesas e investimento. Normalmente isso ajudará bastante na escolha de qual cenário seguir. Às vezes podem existir limitações como disponibilidade de produtos, política de preços, capital de giro que podem definir o cenário de partida, independentemente da propensão de gasto do consumidor”, explica o profissional que também aponta como outra variável relevante o tempo para a implementação de cada ação. Matsuda afirma que inaugurar um novo CD, com o atual cenário de condomínios logísticos aquecidos, por exemplo, pode levar meses. “Encomendar alto volume de produtos ainda é uma incerteza com a desorganização da cadeia de suprimentos global. Por outro lado, ampliar a capacidade de armazenagem por meio da contratação de um operador logístico ou implementar um novo parceiro de transporte pode ser feito em poucas semanas”, aconselha.
Matsuda levanta questões delicadas. “Entrega veloz hoje é um qualificador para operar e não mais um diferencial. Inflação alta tem atingido duplamente o resultado das empresas. Ao mesmo tempo que coloca pressão nas despesas, o aumento de custos de produtos e insumos não tem sido repassado integralmente aos preços, pressionando também a rentabilidade das operações”.
De acordo com os profissionais, ganhos de eficiência na operação tornam-se imperativos diante disto. Equilibrar a despesa da atividade com a entrega de um nível de serviço adequado é um exercício diário do profissional de logística. Isso ganha mais importância em um evento como a Black Friday, cujo aumento de demanda é concentrado em poucos dias. “Os custos de atender todo esse movimento podem ser proibitivos se o prazo de atendimento for muito reduzido. Além disso, conhecer corretamente qual é o nível de serviço desejado pelo seu cliente é um outro elemento relevante para decidir qual é o plano mais adequado para você”, finaliza Rodrigo Barros.