Tecnologia

Computação em Nuvem para videomonitoramento – Um novo conceito tecnológico

Flexibilidade, provavelmente seja esta a palavra que melhor define a _cloud computing_, ou a computação em nuvem, um conceito que veio para ficar. Este modelo computacional trouxe mudanças substanciais na forma
como podemos utilizar os serviços tecnológicos e de informação,
graças ao avanço das comunicações e das redes de computadores,
principalmente a internet. Estamos em 2021, mas se voltarmos um
pouquinho no tempo, há exatos 10 anos, mais especificamente em outubro
de 2011, a Apple tinha acabado de lançar o Icloud para usuários do
MacOS e Iphones, um recurso que revolucionou os celulares pois
armazenava seus contatos automaticamente, sincronizando-os com seus
e-mails, mantendo também os seus arquivos pessoais salvos e
interligados entre todos os seus dispositivos, extinguindo a “dor de
cabeça” caso você perdesse ou tivesse que trocar de celular ou
computador.

A exclusividade da Apple durou pouco tempo pois logo após, em Abril de 2012, o Google disponibilizou o Google drive para usuários do Gmail e
Android. Cito estes dois exemplos de serviços em nuvem para que
possamos notar a forma veloz com que se instalou em nosso cotidiano.

 Muitas pessoas podem não perceber, mas a computação em nuvem está
presente em diversos recursos que utilizamos, serviços como: Youtube,
Spotify, Waze, Facebook, Instagram Deezer, Netflix, dentre muitos outros
que, sem ela não existiriam.  Sua presença mudou a forma como nos
relacionamos, comunicamos e entretemos. Mas, será que estas mudanças
se limitam a nossa vida pessoal?  Naturalmente que não!

 É fato que as empresas dependem em muitos aspectos do setor de
Tecnologia da informação, ou simplesmente TI, para fazerem negócios,
manterem-se ativas e em funcionamento. Entretanto, em tempos anteriores
à computação em nuvem, manter um ambiente computacional eficiente
demandava alto investimento, requerendo também mão de obra específica
e qualificada para cada uma das áreas do sistema. Adicionalmente, outro
fator que exigia atenção das corporações era o preparo de uma área
específica para colocação dos servidores, as chamadas salas
técnicas, CPDs (Centro de Processamento de Dados) ou mesmo Datacenters,
 haja vista que equipamentos que processam e armazenam informações
vitais de uma organização devem necessariamente estar em um local
seguro e devidamente adequado para seu funcionamento, com climatização
constante, energia elétrica redundante e estabilizada, monitoramento do
ambiente e sistemas, dentre outros detalhes.

 A união de todos estes fatores, sem dúvida alguma, configuravam um
elemento agravante para expansão de muitas empresas, sobretudo as de
pequeno porte, que nem sempre dispunham do capital necessário para
investir nestes sistemas.

 A chegada da computação em nuvem dirimiu tais fatores para todos os
tipos de organização, pois aquilo que outrora deveria ser uma
propriedade da empresa, agora configura-se como um serviço prestado por
um provedor. Basicamente, todos servidores necessários para processar
os sistemas são propriedade do provedor, sendo ele o responsável por
todo o ecossistema e conhecimento técnico específico para mantê-los.
Os servidores ficam em um datacenter, um local especialmente construído
para esta finalidade, regido por normas específicas para este tipo de
ambiente. A empresa contratante, por meio de uma rede de dados,
principalmente a internet, hospeda, acessa e mantém os seus sistemas em
pleno funcionamento na estrutura do provedor, como se estivesse
“dentro de casa”, firmando um contrato de serviços, similar a um
aluguel.

 Por meio da computação em nuvem, conceitos como SaaS – Software as
a Service (Software como serviço) e o  PaaS  – Platform as a Service
(Plataforma como serviço) surgiram para ampliar ainda mais a gama de
recursos ofertados pela nuvem. Em linhas gerais, com o SaaS o usuário
sequer precisa ser o detentor do software, ele pode alugar o uso de uma
aplicação on line já existente e acessá-lo de qualquer lugar e
dispositivo conectado à internet. De maneira análoga, o PaaS
disponibiliza ao usuário, toda uma plataforma, incluindo o software,
que pode ser submetida ao desenvolvimento de customizações
específicas, demandando algum conhecimento técnico que pode ser
aplicado pelo próprio usuário contratante, ou mesmo adicionado ao
contrato de serviços do provedor.

 Analisando todas as características que configuram a computação em
nuvem notamos que muitas empresas foram beneficiadas por sua
existência, principalmente as empresas de porte menor por poderem
contar com uma estrutura computacional robusta, escalável mediante seu
crescimento e paga sob demanda.

 Se por um lado toda esta flexibilidade traz vantagens em relação a
investimentos e expansão flexível, há um fator que os interessados em
contratar serviços em nuvem precisam se atentar: a segurança da
informação. É necessário observar os mecanismos e as garantias de
confiabilidade dos dados no ambiente do prestador, pois inevitavelmente,
a estrutura é compartilhada com outros usuários e as informações
são acessíveis pela internet.  Por este motivo, estudos preliminares
para implementação na nuvem devem ser realizados, definindo quais
serão as medidas ativas de segurança, disponibilidade, onde
recomenda-se que os papéis e responsabilidades sejam bem definidos e
incluídos em contrato, inclusive.

 Um fator positivo neste quesito é que novos recursos e técnicas de
segurança são constantemente lançados, impulsionados pelo dinamismo
dos serviços tecnológicos onde a computação em nuvem é participante
em destaque. Nos tempos atuais, já é possível implementar sistemas
acessíveis pela internet, com fortes mecanismos de segurança, desde
que sejam corretamente concebidos durante a fase de projeto.

 Além de empresas de pequeno porte e pessoas físicas, a flexibilidade
da computação em nuvem, aliada a uma boa política de segurança,
possibilita que um outro tipo de cliente seja também abrangido pela
Cloud, neste caso, o governo.

 O fornecimento de recursos tecnológicos como serviço e o
compartilhamento de infraestrutura proporcionado pela computação em
nuvem pode favorecer que os usuários do segmento público possam
também desfrutar deste conceito. Processos licitatórios que envolvam a
aquisição de serviços tendem a ser menos burocráticos e mais ágeis
no processo fim a fim, desde a publicação de um edital até o processo
de entrega do projeto. Outro fator que favorece o governo é que com a
computação em nuvem, principalmente na arquitetura de nuvem privada,
onde somente usuários de um mesmo segmento terão acesso aos dados,
pode ser estabelecida para novos projetos tecnológicos, a fim de
melhorar a gestão pública.  Um estado que deseja compartilhar recursos
computacionais com seus municípios unificando esforços e facilitando a
gestão pública, pode fazer uso de uma nuvem proprietária,
disseminando novos pilares tecnológicos para municípios de menor porte
que não disponham de recursos suficientes para aquisição de um
sistema como um todo, mas que podem conveniar-se a esta nuvem privada,
contribuindo no processo de composição do projeto, e colaborando
durante o desenvolvimento, uso, expansão e manutenção.

 Na atualidade, a inteligência artificial agregada aos sistemas de
monitoramento é capaz de identificar pessoas, a partir das suas
características faciais, que cruzem uma determinada área pública
monitorada, apresentando em tempo real possíveis trajetos por onde esta
pessoa passou, traçando o rastreamento em curto espaço de tempo. As
possibilidades são ainda maiores caso o sistema de gerenciamento de
trânsito também conte com este tipo de monitoramento inteligente, onde
dados cruciais de identificação como: placa, cor, modelo e fabricante
podem ser extraídos a partir da simples imagem dos veículos que
passaram  à frente da câmera, transmitindo-os em tempo real às
centrais de monitoramento e controle das forças públicas
administrativas, promovendo ampla visão daquilo que está acontecendo e
auxiliando muitos aspectos sua atuação tática.

 É natural e inevitável que a implementação deste tipo de sistema
demande que diversos dispositivos sejam utilizados para processamento e
armazenamento dos dados, e é neste ponto que a nuvem volta a ganhar
enfoque. Uma vez estabelecida e implementada por uma cidade por exemplo,
a nuvem privada possibilita que os mecanismos como a inteligência
artificial (AI), a internet das coisas (IoT) e o aprendizado de máquina
(ML), fiquem acessíveis para municípios circunvizinhos, que de maneira
colaborativa poderão unir ações entre si, tendo como elo principal um
robusto sistema de segurança integrado, constituído por um banco de
dados valioso e preenchido por informações vitais para sua gestão.

 As possibilidades concedidas a partir da computação vão muito além
dos sistemas de segurança eletrônica, aplicações tecnológicas das
mais variadas naturezas e finalidades que podem ser implementadas neste
meio. Independentemente do segmento e porte do usuário, a nuvem é uma
excelente e acessível alternativa para agregar múltiplos recursos
tecnológicos, de forma flexível e colaborativa, exigindo apenas
políticas e mecanismos de segurança bem definidos.

_Por Rafael Lemos, engenheiro da Dahua Technology_

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