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Depreciação acelerada estimula renovação da indústria

Parque industrial brasileiro pode receber R$ 20 bilhões de investimentos com entrada em vigor de lei que incentiva troca de maquinário que é muito bem-vinda, afirma José Roberto Colnaghi

 

A entrada em vigor da lei que institui a Depreciação Acelerada promete dar novo impulso aos investimentos e à modernização do parque industrial brasileiro. Ao oferecer incentivos para a renovação do maquinário, a Lei 14.871 de 2024, derivada do Projeto de Lei 2/2024, permite ao Poder Executivo conceder cotas de depreciação acelerada para novas máquinas e equipamentos adquiridos até o final de 2025.

Atualmente, o investimento em um maquinário com vida útil de 10 anos deve ser deduzido do lucro real da empresa durante esse período. Assim, a cada ano, 10% do valor pago é abatido da base de cálculo em que deverá incidir o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e o imposto CSLL. Com a depreciação acelerada, 50% do valor da máquina será deduzido do lucro real da empresa no ano da aquisição e os 50% restantes, no ano seguinte.

 

R$ 20 bilhões em investimentos

Na prática, essa medida, não reduz a tributação total acumulada ao longo dos anos, mas ajuda o fluxo de caixa da empresa justamente quando as despesas tendem a ser maiores. “É um estímulo para o empresário investir em novos equipamentos que, certamente, irão aumentar a produtividade, por isso esta lei é muito bem-vinda”, diz José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho da Asperbras Brasil, grupo que atua em diversos setores da indústria e do agronegócio. Segundo estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o novo programa tem potencial de alavancar em R$ 20 bilhões os investimentos no Brasil.

Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a nova lei atende aos anseios do setor produtivo. “Com diálogo e muito trabalho, estamos construindo uma nova agenda para o Brasil”, afirmou.

Recuperar o atraso do parque industrial brasileiro é urgente. Pesquisa da CNI indica que as máquinas e equipamentos industriais têm, em média, 14 anos, e 38% deles estão próximos ou já ultrapassaram a idade indicada pelo fabricante como ciclo de vida ideal. Os dados consideram as máquinas usadas na indústria extrativa e na indústria de transformação, sem contar os materiais de escritório e os equipamentos de transporte.

 

Defasagem industrial

“A idade média do parque industrial é um dos determinantes da competitividade da indústria, pois sinaliza a capacidade de absorver inovações tecnológicas, a eficiência energética e a intensidade de emissões”, diz José Roberto Colnaghi. “Com equipamentos mais modernos, poderemos disputar mercados em condições mais isonômicas”, complementa José Roberto Colnaghi.

José Roberto Colnaghi|
José Roberto Colnaghi

Com base nos dados da CNI que, mesmo que seja possível reformar as máquinas e os equipamentos antigos para incorporar tecnologias digitais, como as tecnologias da Indústria 4.0, à medida que a defasagem aumenta o processo se torna mais desafiador e oneroso devido a incompatibilidades com novos sistemas operacionais, analisa José Roberto Colnaghi.

A Indústria 4.0 busca integrar tecnologias avançadas à produção industrial, digitalizando os processos e proporcionando mais produtividade e eficiência às operações. Para se ter ideia, 12% do parque industrial brasileiro ainda é herança das décadas de 1980 e 1990, anteriores à ampla oferta de internet no Brasil.

 

Setores da indústria de transformação

Entre os setores da indústria de transformação com amostra suficiente para realização da análise, o setor de biocombustíveis se destaca com a maior idade média de máquinas e equipamentos, de 20 anos, seguido dos setores de metalurgia (18 anos) e de impressão e gravação (17 anos). Por outro lado, os equipamentos com menores idades médias estão nos setores de manutenção e reparação (10 anos), informática, eletrônicos e óticos (11 anos), couro (11 anos) e vestuário e acessórios (11 anos).

Da indústria de transformação, os setores que mais precisam renovar as máquinas e equipamentos – seja por estarem no limite do ciclo de vida recomendado pelo fabricante ou por já terem ultrapassado o limite – são os de metalurgia, com 52% de potencial de renovação; de manutenção e reparação, com 50%; e de veículos automotores, com 49%. Com menor potencial de renovação estão produtos diversos (24%), móveis (25%) e plástico (27%). A indústria da construção tem idade média de máquinas e equipamentos de nove anos, menor do que as analisadas na indústria de transformação e na indústria extrativa.

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