Golpes digitais prometem lucros online e roubam brasileiros
O Brasil é um dos principais países do mundo em números de tentativas de golpes cibernéticos. Dentre os golpes mais comuns, vem se popularizando os golpes ligados a links falsos e com promessas de dinheiro fácil, trabalho online ou rentabilidade de investimentos, inclusive com criptomoedas.
O interesse por ganhos e rentabilidade em atividades online motiva diariamente brasileiros a ingressarem em jogos, atividades de tarefas virtuais e “clubes de investidores”, que na verdade são armadilhas de criminosos cibernéticos com o objetivo de lesar pessoas. Como os golpes são aplicados e quais as formas de proteção? O especialista em crimes cibernéticos, José Milagre, explica sobre a popularização destes golpes e indica estratégias de segurança.
De acordo com a consultoria Kaspersky, o brasileiro é o mais visado do mundo em golpes com links falsos no WhatsApp, conforme pesquisa que identificou, em 2022, 76 mil tentativas de fraudes.
“Os criminosos são muito mais criativos que técnicos e exploram gatilhos mentais e temas de grande repercussão para reduzir a capacidade das vítimas de entenderem que estão caindo em um golpe”, relata José Milagre. A CyberExperts, consultoria de Milagre, monitora diariamente dezenas de golpes e realiza alertas por meios de palestras de conscientização sobre segurança da informação e proteção de dados.
Os links enviados visam normalmente coletar dados pessoais ou infectar o equipamento das vítimas para roubar credenciais de acesso a serviços financeiros e de criptoativos.
“Sempre dizemos que dados pessoais são insumos para crimes cibernéticos e os dados coletados são usados para clonagem de chips, contratação de serviços, empréstimos, venda de produtos ilegais, posse de contas em redes sociais ou mesmo abertura de contas bancárias para recebimento de produto de crimes”, informa Milagre, que coordena uma equipe de mais de vinte profissionais, envolvendo advogados, peritos e analistas forenses, atuando em investigações e defesa de vítimas de crimes digitais.
Também se destaca o crescimento dos golpes envolvendo criptomoedas e Pix. No caso das moedas virtuais, pessoas e empresas estão sendo assediadas, não só em redes sociais, mas até mesmo em aplicativos de relacionamento, por criminosos que falseiam a identidade e oferecem investimentos em criptomoedas. A vítima então é atraída com a promessa de rentabilidade altíssima e aos poucos realiza aportes e quando percebe, boa parte do seu dinheiro está nas mãos de golpistas, que desaparecem.
Dentre os principais golpes com criptomoedas, além do golpe dos falsos pools de mineração (uma espécie de “locação de criptomoedas” para que sejam utilizadas e gerem receita), estão golpes que criam sites e carteiras falsas de entidades conhecidas, bem como e-mails ou mensagens que simulam informativos de wallets e Exchanges, mas que, quando acessados, podem permitir que os criminosos acessem os fundos das vítimas.
As pirâmides, além de focar em criptoativos, também já se valem do Pix. Uma pesquisa da FICO indicou que o Pix está consolidado no Brasil e que 22% dos brasileiros já caíram em golpes com a plataforma. O levantamento ouviu 1.000 brasileiros, em janeiro de 2023. Criminosos oferecem “tabelas de rentabilidade”, onde investindo um valor via Pix, é possível receber, em poucas horas, o valor investido com um adicional, após conclusão de “tarefas”. Segundo o advogado José Milagre, os marginais publicam em redes sociais tabelas Pix ou mesmo ao invadirem contas de outras pessoas anunciam as “oportunidades de investimentos”, como exemplo, pague “R$ 50 e receba R$ 500,00”.
A procura por dinheiro fácil ou rentabilidade na internet também vêm motivando criminosos a criarem estratégias para lucrar sobre vítimas. Os golpes das “tarefas” ou do “trabalho em meio período” é caracterizado por abordagens em redes sociais, onde vítimas são iludidas a executarem tarefas online, como cliques ou seguir perfis e conforme vão concluindo as tarefas, receberiam os pagamentos.
No entanto, as vítimas têm que pagar para acessar os sites e depois para desbloquear as tarefas. Anestesiadas pela promessa de lucro, confiam e pagam, explica Milagre, informando receber 10 casos do golpe das “tarefas” por semana no escritório, envolvendo vítimas que perderam de R$ 50,00 a R$ 200.000,00 acreditando receberiam os valores investidos mais os ganhos pelas tarefas.
No que diz respeito ao comércio eletrônico, do mesmo modo, o Pix também vem sendo o meio preferencial dos fraudadores. Pesquisa da RedBelt Security informa que diariamente no Brasil são registrados cerca de 15 domínios falsos de sites de e-commerce.
Segundo o especialista em crimes cibernéticos José Milagre, algumas dicas podem ajudar pessoas a evitarem golpes em compras online, sobretudo em períodos envolvendo data comemorativas e Black friday:
- É importante pesquisar sobre a reputação da loja, sua constituição empresarial, CNPJ, sede física, dentre outras informações;
- Não é boa prática que lojas usem o Pix como único meio de pagamento. Escolha lojas com meios de pagamentos seguros, onde o dinheiro só é liberado com o recebimento da mercadoria;
- Muito cuidado com acesso a lojas a partir de links de buscadores ou recebidos por mensageiros e comunicadores. Atualmente, os criminosos conseguem fazer um anúncio com o link falso em buscadores;
- É muito válido avaliar se o site é seguro e criptografa o tráfego. Fique atento a sites que pedem dados em excesso ou confirmações de códigos enviados por SMS ou links, pois pode ser golpe;
- Optar por lojas que tenham políticas claras de devolução e manter um antimalware atualizado nos dispositivos;
- Vale ficar atento às ofertas com descontos mirabolantes e desconfiar;
- Ficar sempre de olho na exposição de dados pessoais, solicitando, se o caso, remoção da Internet da exposição indevida, para evitar sejam os dados usados para fraudes.
Em caso de furto de criptomoedas, a recomendação é imediatamente registrar a ocorrência, notificar a empresa responsável pela carteira ou Exchange e buscar ajuda especializada. Para golpes do Pix, as vítimas podem acionar o mecanismo especial de devolução – MED, junto ao banco em que possuem conta. Com ele, o banco da vítima se comunica com o banco do fraudador, para que o valor transferido seja bloqueado.
Fonte: Portal comunique-se