Híbrido com tecnologia flex
Nossos modelos automotivos combinam motorização elétrica com a combustão utilizando etanol
Um dos carros mais vendidos do mundo, o Corolla, da japonesa Toyota, ganhará um novo capítulo este ano. O veículo, lançado pela primeira vez 1966 – e que já teve mais de 40 milhões de unidades vendidas no mundo – terá, pela primeira vez no Brasil, um modelo híbrido flex. Os automóveis que usam uma combinação de motores elétricos coma combustão não são novidades, mas o detalhe é que eles funcionam somente com gasolina. O etanol, biocombustível menos poluente e mais abundante no Brasil, nunca foi usado em um carro comercial híbrido. Pensando nos benefícios para o meio ambiente, para o mercado de carros, para os motoristas e até mesmo para a economia brasileira, a Toyota puxa essa nova tendência.
Modelo
O Corola Flex híbrido deve ser feito na plataforma Prius – modelo híbrido pioneiro na marca. Com algumas adaptações, o veículo sedã passará a aceitar a injeção de etanol, gasolina ou a mistura de ambos. Um dos benefícios para esse tipo de carro é a melhora no consumo. Em contrapartida, o preço do automóvel deve subir. Analistas de mercado estimam que ficará em torno de R$ 130.000 – valor não confirmado pela montadora. A Toyota busca obter isenção de taxas para a importação de componentes e com o tempo pretende nacionalizar parte da produção do veículo e deixa-lo menos sujeito a variações do dólar.
Mercado brasileiro
Ricardo Bastos, diretor de assuntos governamentais da Toyota Brasil, diz que o projeto da motorização elétrica com etanol era um desejo da montadora desde 2011, quando começaram as negociações para trazer o Prius ao Brasil. “Nós sempre nos perguntamos: por que não ter um híbrido flex? Ele une os benefícios para o meio ambiente oferecidos pelo etanol, feito com cana-de-açúcar, que absorve muito CO2, e a vantagem da eficiência do carro híbrido”, diz Bastos. A tecnologia foi desenvolvida por engenheiros brasileiros e japoneses e teve origem no Centro de Pesquisa Avançada da Toyota, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Um dos pontos que reforçam o cenário positivo para os carros híbridos é que, apesar de elétricos e com baterias, não precisam ser carregados em pontos de energia. É o motor a etanol (ou a gasolina) que gera a energia para o motor elétrico.
“A combinação de motor a etanol com elétrico é a tecnologia certa para o Brasil. Ela se une à prática já conhecida pelo brasileiro de usar o etanol”, afirma. O investimento nesse tipo de motorização não é sem razão. De acordo com a consultoria Allied Market, o faturamento do mercado de híbridos ou com combustíveis alternativos deverá chegar a 614 bilhões de dólares em 2022, um crescimento de quase 13% ao ano.
Futuro
Os carros híbridos, mais eficientes e menos poluentes do que os movidos apenas por motor a combustão, deverão ganhar parcela significativa do mercado nos próximos anos. As montadoras já se preparam para diminuir a quantidade de opções de automóveis tradicionais postos á venda. Os carros a combustão vão continuar a existir, mas o banco JP Morgan estima que haverá uma queda drástica de participação de mercado: de 98%, em 2015, para 41%, em 2030. A busca por veículos mais eficientes e menos poluentes já está acontecendo. E, graças ao etanol, o Brasil poderá tomar a frente nessa corrida.
Fonte: Revista Exame