Saúde

Hipertensão: o assassino silencioso que atinge 1,28 bilhão de adultos no mundo

Entenda os riscos, os sintomas e os tratamentos dessa condição que pode levar a complicações graves se não for adequadamente controlada

A hipertensão, também conhecida como pressão alta, é uma condição de saúde comum em que a pressão sanguínea nas artérias permanece elevada. Isso faz com que o coração tenha de trabalhar mais para bombear o sangue pelo corpo. Se não tratada, a hipertensão pode levar a problemas graves, como doenças cardíacas, derrames e insuficiência renal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão afeta 1,28 bilhão de adultos entre 30 e 79 anos no mundo. Ela é frequentemente chamada de “assassino silencioso”, pois pode não apresentar sintomas evidentes por anos, enquanto causa danos gradualmente ao sistema cardiovascular.

O diagnóstico de hipertensão é feito por meio de medições da pressão arterial, que devem ser iguais ou superiores a 14/9 mmHg (140/90 mmHg). O tratamento envolve mudanças de estilo de vida, como ajustes na dieta e prática de exercícios, além do uso de medicamentos específicos. O 17 de maio é o Dia Mundial da Hipertensão, data em que se busca alertar a população sobre os riscos dessa condição de saúde e a importância do diagnóstico e do tratamento adequados.

Prevalência de hipertensão em beneficiários e fatores associados

Segundo dados da pesquisa Vigitel 2023, 25,8% dos beneficiários de planos de saúde residentes nas capitais brasileiras e no Distrito Federal apresentaram hipertensão arterial no ano passado. Isso equivale a cerca de 3,9 milhões de pessoas convivendo com essa condição de saúde. A prevalência foi ligeiramente maior entre os homens (26,8%) do que entre as mulheres (25%). Em relação à cor da pele, a taxa mais elevada foi encontrada entre os beneficiários pretos (27,1%), mas sem diferença estatisticamente significativa para os demais grupos. A idade mostrou-se um fator determinante: enquanto apenas 6,8% dos beneficiários entre 18 e 39 anos tinham hipertensão, a proporção chegava a 58,9% entre aqueles com 60 anos ou mais.

Outro aspecto relevante foi a escolaridade. A hipertensão atingia 70,1% dos beneficiários sem nenhuma escolaridade, mais que o dobro da taxa observada entre os mais escolarizados (com 12 anos ou mais de estudo). O mesmo padrão foi observado para o estado civil, com maior prevalência entre os viúvos (64,1%).

Após ajuste para fatores de confusão, a análise de regressão mostrou que pessoas do sexo masculino, de cor preta ou parda, idosas e com baixa escolaridade têm probabilidade significativamente maior de apresentar hipertensão quando comparadas aos seus grupos de referência. Outros fatores de risco associados foram obesidade, depressão e diabetes. Já tabagismo e atividade física não apresentaram associação significativa, possivelmente devido à natureza transversal do estudo. Os autores reforçam a necessidade de promoção de estilos de vida saudáveis e de novos estudos longitudinais para elucidar melhor essas relações.

Este estudo revela aspectos significativos sobre a prevalência e os fatores associados à hipertensão entre beneficiários de planos de saúde. A análise sugere uma complexa interação entre fatores genéticos, socioeconômicos e comportamentais. Observou-se maior prevalência da doença entre homens e indivíduos de cor preta e parda, reforçando a influência de determinantes sociais e desigualdades em saúde.

A correlação entre menor escolaridade e maior prevalência de hipertensão aponta para a importância de intervenções educacionais na prevenção de doenças crônicas. Isso pode estar relacionado a menos conhecimento sobre os riscos da pressão alta. Outro ponto crítico foi o aumento significativo da probabilidade de hipertensão com o avançar da idade, especialmente após os 60 anos. Isso ressalta a necessidade de políticas de saúde voltadas ao envelhecimento saudável.

Embora variáveis como tabagismo e atividade física não tenham mostrado associação significativa devido ao caráter transversal do estudo, esses fatores comportamentais são tradicionalmente reconhecidos como importantes na hipertensão em pesquisas longitudinais. A obesidade e a depressão também aumentaram a probabilidade de hipertensão entre os beneficiários. Já a diabetes esteve associada à doença, indicando a coexistência de múltiplas condições crônicas.

Finalmente, a forte relação entre percepções negativas de saúde e maior prevalência de hipertensão sugere a importância do suporte psicológico e do manejo do estresse como componentes de programas de prevenção e tratamento.

Tratamento e perspectivas futuras

Os resultados deste estudo revelam implicações importantes para o tratamento e as perspectivas futuras na saúde suplementar. Verificou-se que variáveis como idade, escolaridade e estado civil impactam a prevalência de hipertensão, ressaltando a necessidade de abordagens de tratamento personalizadas.

Além disso, a associação da hipertensão com obesidade, depressão, diabetes e autopercepção da saúde enfatiza a importância de um manejo holístico da condição. Mais do que a idade em si, são os estilos de vida inadequados mantidos ao longo do tempo que contribuem para o desenvolvimento da hipertensão. Nesse sentido, a redução na prevalência desta condição pode ser alcançada por meio da adoção de estilos de vida saudáveis, como alimentação adequada, prática regular de exercícios e controle do tabagismo. Assim, a prevenção deve ser um pilar fundamental no manejo da hipertensão.

Um aspecto crucial é o acesso a cuidados médicos regulares e de qualidade, papel este desempenhado pelos planos de saúde, especialmente para grupos de alto risco, como pessoas com baixa escolaridade e idosos. A implementação de programas de monitoramento contínuo e intervenções precoces pode ser uma estratégia efetiva para controlar a hipertensão antes que resulte em complicações graves. Além disso, a educação em saúde emerge como um componente crítico nas estratégias de tratamento. Programas que focam em mudanças de estilo de vida podem ter um impacto significativo na prevenção e gestão da hipertensão.

Por fim, a tecnologia também desempenha um papel crescente, com aplicativos móveis e dispositivos de monitoramento remoto auxiliando pacientes e provedores de saúde a manterem um controle mais rigoroso sobre as condições de saúde em tempo real. As organizações de saúde suplementar estão bem-posicionadas para liderar o caminho na inovação do tratamento da hipertensão, por meio de um compromisso contínuo com a pesquisa, desenvolvimento de políticas baseadas em evidências e colaboração entre os setores público e privado.

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