Instabilidade climática no Brasil, produtores e a gestão da água
Tecnologias que auxiliam no manejo da irrigação serão cada vez mais importantes para o uso racional e preciso do recurso nas lavouras
Entre todos os fatores que preocuparam os produtores rurais ao longo desse ano, sem dúvidas o principal deles foi a instabilidade climática. Enquanto os estados no Sul do país registraram recordes de chuvas, agricultores do Norte e Nordeste amargam uma das secas mais severas das últimas décadas. As regiões mais afetadas foram: Amazonas, Acre, Roraima, Amapá, Rondônia e Pará. Parte do Tocantins também sofre efeitos da seca, assim como áreas do Piauí e Bahia.
A falta de chuvas já causa grande impacto econômico afetará a agricultura e pecuária nos próximos anos, não só nestas localidades, mas, também em todo o Brasil, o que mostra que é preciso buscarmos alternativas. Com a natureza não há como medir forças, mas um bom planejamento pode ajudar a classe produtora a contornar todos estes problemas.
Entre as principais alternativas aos produtores está a gestão da irrigação, afinal, excesso ou escassez de água certamente irá impactar no desenvolvimento da lavoura. Portanto, porque não reservar a água dos períodos chuvosos e utilizá-las nos momentos de seca por meio da irrigação com pivôs? Em um projeto de irrigação, pensar na armazenagem da água é muito importante, principalmente em regiões onde o manancial ou o lençol freático possuam alguma limitação ou também em situações onde o rio no qual será feita a captação é mais suscetível a estiagem ou a seca. Nessas condições aparece a necessidade do reservatório. Independentemente de estar irrigando ou não, ele servirá como um “pulmão” para a irrigação.
Trazendo para a realidade do dia a dia, pensamos nesse reservatório como a caixa d’água de uma residência. Rotineiramente a casa é abastecida a todo momento pelas empresas responsáveis, contudo, caso haja problema nesse fornecimento por muitas horas as pessoas não são afetadas, pois há essa reserva. O mesmo pode ocorrer em cidades onde já há racionamento do recurso. “No projeto de irrigação, o reservatório se bem dimensionado, terá essa importante função”, diz o engenheiro agrônomo Rodrigo Bernardi, especialista em produtos na Lindsay América Latina, empresa representada pelas marcas Zimmatic™ e FieldNET™.
A definição do tamanho ideal para dimensionar o reservatório vai variar de caso a caso, e é esta a função do projetista, calcular o volume útil necessário do reservatório para que o produtor tenha segurança para enfrentar períodos sem reabastecimento, bem como a sua operação. Na hora de calcular o volume do reservatório o especialista deve levar em consideração uma série de fatores, assim como a necessidade hídrica da cultura, a evapotranspiração, condições climáticas da região, volume outorgado, entre outros fatores. Por isso, é necessário um profissional experiente com conhecimento para que o projeto seja bem-feito.
Ainda, é fundamental que os produtores tenham atenção com a outorga do uso da água. “O agricultor que deseja fazer um projeto de irrigação, deve procurar uma revenda especializada que vai projetar os pivôs e vai determinar qual a vazão que ele precisa, assim como o volume de água adequado que este reservatório vai armazenar. A Lindsay, por exemplo, tem parceiros no Brasil inteiro. É uma segurança a mais de fornecimento do recurso para os cultivos. Pouco adianta o produtor ter um pivô e não ter água”, diz Bernardi.
Uso sustentável da água
Outra forma de fazer uma boa gestão da água armazenada para que a mesma seja suficiente para atravessar os períodos de seca é por meio da tecnologia, ou seja, usar o recurso na quantidade necessária no local correto. Isso é possível com soluções como o FieldNET. A tecnologia de gerenciamento remoto da Lindsay possibilita monitorar a irrigação em qualquer marca de pivô, aumentando a produtividade e otimizando o uso dos recursos naturais, além de ajudar na economia de energia.
A partir de um acesso remoto, seja por smartphone ou tablet, a ferramenta permite a criação de planos de irrigação de taxa variável, que permite por ângulo aplicar diferentes lâminas, cria relatórios de uso, monitora o desempenho do pivô e os ganhos em toda a operação. Ele ainda passa atualizações e alertas em tempo real do funcionamento do equipamento.
Segundo Bernardi, com a ferramenta o produtor consegue programar os horários de funcionamento do equipamento. Assim, o pivô vai desligar e religar automaticamente fugindo dos horários onde a cobrança de energia é mais cara. Outra vantagem é que ao fazer uma programação ele vai saber quanto tempo o pivô vai levar para fazer a operação e o sistema fornece isso de forma automática, resultando em um planejamento muito melhor da operação.
Acerto nas decisões
Para facilitar o manejo de irrigação dos produtores ajudando nas tomadas de decisões mais assertivas, o FieldNET Advisor é outra importante solução. A ferramenta foi desenvolvida para simplificar as informações oferece as recomendações de quando, onde e quanto irrigar. Sua vantagem é ser totalmente integrada ao FieldNET, em situações como a atual de crise hídrica ou oferta restrita de água, vai contribuir em dois momentos.
O primeiro fornece a recomendação correta, ou seja, vai aplicar realmente a quantidade de água necessária, sem desperdícios, mantendo a umidade do solo necessária para a planta. Outra possibilidade é programar a ferramenta para operar com uma limitação de oferta, assim o sistema automaticamente vai escolher quais são os melhores momentos para fazer a irrigação para que a cultura não entre em estresse nos momentos mais sensíveis.
Para isso, a tecnologia do sistema, automaticamente vai calcular e dividir o quanto há de água disponível ao longo da safra para fazer as irrigações nos momentos mais críticos. “Em casos de baixa oferta, o sistema já recomenda a irrigação quando realmente torna-se necessário. Assim, haverá a garantia que haverá água suficiente para a lavouras nos momentos mais importantes como florescimento e enchimento de grãos, por exemplo”, destaca o especialista. “Contudo é importante ressaltar que o foco da tecnologia não é apenas reduzir o consumo de água e sim otimizar sua utilização pensando em aumentar o número de sacas por milímetros irrigados, produzindo mais utilizando o recurso necessário”, finaliza.