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Sem inteligência artificial, Ucrânia levaria 700 anos para achar minas terrestres

Ministério da Economia do país está trabalhando no modelo de IA para priorizar quais terras devem ser limpas primeiro

Após quase 10 anos de conflitos internacionais, pesquisadores ucranianos descobriram que levaria 700 anos para limpar todo o país de minas terrestres. Para tornar essa tarefa menos hercúlea, cientistas vão recorrer à inteligência artificial (IA) para mapear as regiões prioritárias.

A situação das minas terrestres no país iniciou em 2014, com a invasão russa à Crimeia, que contaminou algumas centenas de quilômetros quadrados de terra.

Depois de dois anos após o início da guerra contra a Rússia, os pesquisadores da GLOBSEC, uma empresa “think tank”, afirmam que há aproximadamente 144 mil quilômetros quadrados do país que podem estar minados.

Segundo o estudo, é possível que seja necessária a criação de uma zona de exclusão semi-permanente, similar à Zona Vermelha criada pela França após a Primeira Guerra Mundial.

“As pessoas ficam com cicatrizes da guerra, e os países ficam com cicatrizes da guerra”, diz Olena Pareniuk ao NewScientist. Ela faz parte da equipe que está desenvolvendo a IA para a remoção de minas.

De acordo com a reportagem do NewScientist, o modelo de inteligência artificial considera uma enorme quantidade de dados, incluindo registros fiscais e de propriedade, mapas agrícolas, dados sobre a fertilidade do solo, registros militares e de serviços de emergência.

Todas essas informações sobre as bombas são obtidas de imagens de satélite e por meio de entrevistas com civis locais e militares.

Neste modelo, a IA então leva em consideração a segurança civil, além de possíveis benefícios econômicos para entender a importância de uma determinada região, para priorizá-la na limpeza ou não.

O Ministério da Economia da Ucrânia está coordenando a limpeza das minas. Ihor Bezkaravainyi, vice-ministro, disse ao NewScientist como a agricultura é necessária para manter a população da Ucrânia alimentada, além de também colaborar nas finanças do país, por ser um grande exportador, pode fazer sentido priorizar as terras agrícolas.

O problema é que diversas minas e projéteis contaminam o solo e demoram diferentes tempos para serem limpas. Outro ponto é que essas crateras que ficam após o impacto também podem remover as camadas férteis superiores do solo.

O modelo de inteligência artificial utilizaria as imagens de satélite para entender todos esses pontos problemáticos para o solo, além de calcular o nível de dificuldade que as equipes terão, priorizando terras que podem ser rapidamente recuperadas para a agricultura.

Assim que as principais áreas forem identificadas, as informações serão levadas aos engenheiros de desminagem responsáveis, para que consigam realizar levantamentos intensivos com drones a uma taxa de 3 hectares por hora.

Ainda, há demandas militares, pois os engenheiros também precisam restauram a terra para criar corredores livres de minas, de forma que as tropas ucranianas consigam avançar.

 

Fonte: Terra

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