Startup cria dispositivo com inteligência artificial e custo acessível para “abrir portas”
Inovação para abrir portas interliga software e um hardware desenvolvido e patenteado pela IGo Pass, que fabrica o equipamento em Maringá, no Paraná
Após participarem de um desafio do Sebrae/PR para desenvolver novos negócios, dois empresários de Maringá inovaram com uma solução para controle de entrada em estabelecimentos ou condomínios que acaba de chegar ao mercado. A ferramenta funciona com um único equipamento para destravar múltiplos acessos (portas ou portões) e não exige investimento em leitores de informações. Na prática a fechadura passa a ser um QR Code, aberta por uma chave, no caso, um smartphone.
Do setor da construção civil, os engenheiros Evandro Rodrigues da Silva e Guilherme Furlaneto já trabalhavam com projetos inovadores e foram apresentados no ano passado durante uma ação do Tech By Sebrae, programa que promove a evolução de MPEs nas áreas de gestão, estratégias digitais e expansão de mercado. Conhecendo a demanda de condomínios e empresas por serviços de gerenciamento de acesso, como abrir portas, eles criaram a startup IGo Pass.
“O Sebrae juntou a gente para pensar novas possibilidades. Não tivemos um ponto de virada, mas houve uma convergência. Já tínhamos experiências distintas no trabalho com tecnologias e fomos desafiados a criar algo novo. Seguimos as etapas propostas pelo Tech By Sebrae, participamos de treinamento com a Fundação Dom Cabral e tivemos consultoria in company”, conta Evandro.
Para a solução, foi preciso criar um hardware do zero. O produto, que passa por melhoria no design, foi patenteado pela IGo Pass e é fabricado pela própria startup, em Maringá. Diferente de outras soluções que exigem dispositivos distintos para cada acesso, o equipamento, escalável, pode destravar sozinho portões e portas em um raio de 30 metros. Pequeno, pode ser instalado no quadro de energia ou em outros locais.
Com o equipamento instalado, basta o usuário cadastrado no aplicativo da solução apontar a câmera do smartphone para um QR Code fixado na entrada do estabelecimento e o acesso é liberado.
“Transformamos o celular em token. O aparelho funciona como uma identidade digital, cujas informações ficam armazenadas em uma base de dados blockchain, o que torna o registro de dados mais seguro”, explica Evandro.
Furlaneto acrescenta que a ferramenta evita investimentos em leitores para acesso, equipamentos que têm alto custo e requerem outros cuidados.
“Queríamos uma solução que pudéssemos colocar em uma avenida movimentada sem ser danificada por ninguém. Utilizar leitor digital custa caro e se mostra inviável até por conta da pandemia. Carteirinha é algo caro e de baixa segurança. Com o QR Code fixo, o celular lê, comunica a central e a central aciona a fechadura para liberar o acesso”, detalha.
Para usuários não frequentes, o acesso tem prazo para expirar. E para aqueles que não contam com internet no celular, a solução oferece wi-fi.
Atualmente a equipe da startup, que precisou buscar um desenvolvedor de software e um engenheiro mecatrônico para desenvolver a solução, conta com seis pessoas. O próximo profissional a ser integrado deve preencher a vaga de CEO, que está aberta.
“Quase invalidamos a ideia algumas vezes. Mas com o retorno à ideia inicial, consultorias para ajuste do modelo de negócio, testes em um primeiro cliente e a união de talentos, agora estamos dando início à fase de tração, com possibilidade de fazer negócios no mundo todo”, conta Furlaneto.
Automação de ambientes
Com o hardware de “abrir portas”, também é possível oferecer automação para controlar o funcionamento de equipamentos elétricos em ambientes empresariais e residenciais, inclusive integrado com soluções como a Alexa, assistente virtual da Amazon. Tudo também por meio de um só equipamento e utilizando o smartphone como token.
Os empresários projetam que a solução custe menos da metade do que projetos tradicionais de automação. A ideia, em fase de desenvolvimento e validação, mira um amplo mercado residencial.
Para o consultor do Sebrae/PR, Nickolas Kretzmann, a IGo Pass mostra que empresas de ramos tradicionais podem inovar não necessariamente no mesmo ramo de atuação, assim diversificando os negócios. “Os empresários foram visitar ambientes de negócios, conhecer outras ideias, inclusive estão transformando espaços de negócios anteriores em ambientes de inovação. Com essa visão de inovação, conseguiram aproveitar ao máximo o programa que oferecemos, criaram uma spin-off e agora estão preparados para ganhar mercado”, comenta.
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