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Projeção de carro elétrico autônomo joga luz sobre Big Data

No início de maio, a Apple registrou a patente de um veículo elétrico inteiramente automatizado que deve chegar às ruas já em 2025. O registro ocorreu oito anos depois que os primeiros comentários a respeito de um projeto do gênero surgiram, em 2014. De acordo com a patente, a proposta conta com um diferencial em relação aos atuais modelos: o suporte para realidade virtual.

Conforme publicação do UOL, acredita-se que o carro – que pode receber nomes como  iCar ou Apple Car – deve oferecer uma experiência multimídia completa a partir de um headset de realidade virtual, dispensando elementos indissociáveis de um carro tradicional, como volante e janelas, ainda presentes na tecnologia de veículos autônomos da Tesla.

De acordo com o projeto, a realidade virtual também poderá ser empregada a fim de reduzir o desconforto de passageiros que se sentem mal durante viagens e oferecer um ambiente controlado para diversas demandas do usuário, além de oportunizar reuniões, entre outros. 

Leonardo Pedroso Costa, especialista em ciência de dados, afirma que a Apple só conseguirá lançar o carro totalmente autônomo nos próximos três anos se usar a ciência de dados. A título de exemplo, ele cita que, se não fosse a ciência de dados, a vacina para a Covid-19 não teria sido entregue em tempo recorde.

“A vacina [contra a Covid-19] só foi possível porque foram usados recursos de Cloud Computing (computação em nuvem) e Data Science (ciência de dados) para fazer testes e experimentos. Se fosse esperar para testar em humanos, iria levar mais de cinco anos. O objetivo da ciência de dados é justamente esse: detectar padrões, fazer testes e trazer resultados rápidos e confiáveis”, explica.

“Se a gente fosse usar ciência de dados na sua família, seria como pegar todos os exames, vacinas e estilo de vida dos seus avós, pais e irmãos para, a partir dessas informações, fazer um estudo para saber qual predisposição à doença ou qual imunidade você tem”, acrescenta Costa. “Se fosse fazer isso no mundo real, seria um tanto de exames, de todos membros da família, e ainda assim seria algo inconclusivo”, observa.

O especialista em ciência de dados afirma que todo produto precisa ser testado por anos para, enfim, ser entregue às lojas e ao cliente final. No caso dos carros autônomos, vários sensores precisam ser testados em diversas situações: na chuva, neblina, vento, em lugares desertos, no mato e na cidade.

“Imagine todos esses testes sendo feitos de formas manuais, com pessoas usando diferentes tons de cores em roupas, calçados, acompanhadas de animais de estimação ou de um idoso. No caso do meio ambiente, a chuva poderia ser ácida, de granizo, torrencial ou com muitos ventos, o que levaria anos e anos para adaptar um veículo a essas situações”, expõe. 

Neste ponto, segundo Costa, a ciência de dados entraria na parte de tratamento de informações e resposta a esses eventos, reduzindo o tempo do teste de anos para horas e projetos de anos para poucos meses – e isso só é possível com muita informação guardada em repositórios de Big Data, aproveitando testes anteriores de empresas tecnológicas, além de experimentos em faculdades e laboratórios.

Ciência de dados abrange diversos segmentos

De acordo com o especialista, a ciência de dados pode ser usada em qualquer área do conhecimento, sendo bastante requerida em: Inovações Tecnológicas, Saúde, Prevenção a Fraudes, Bancos e Segurança Pública. Na área bancária, ela pode ser utilizada para prevenir que um cliente pegue empréstimos em diversas instituições de emprego e dê um possível “calote”. 

“A ciência de dados também pode ser usada como prevenção de fraudes em sites de varejistas, pois o perfil de compra do cliente pode ser traçado e evitar que produtos fora do seu escopo sejam comprados utilizando endereços diferentes, bem como cartões de crédito de terceiros”, afirma ele. “Na área de segurança pública, os dados em relação aos assaltos e delitos em uma região podem ser usados para reforçar o policiamento em determinados dias da semana em pontos turísticos, bairros ou locais de briga de facções”, descreve.

Na avaliação de Costa, a expectativa para a Big Data a médio e longo prazo é positiva: “As empresas não utilizavam os dados da forma que utilizam hoje. Já é um senso comum de que o dado é o novo petróleo, uma alusão ao quão valorizado é esse recurso natural no mundo”, pontua. 

Como a tecnologia de armazenamento evoluiu muito nos últimos anos, prossegue, mais dados puderam ser guardados e acessados de forma rápida. “Como o Walmart, que cruzou dados de pessoas que compravam cerveja e fraldas descartáveis eram do sexo masculino e, a partir daí, foi possível colocar esses produtos em gôndolas próximas, aumentando as vendas e o tempo médio do cliente dentro da loja”, exemplifica.

Para concluir, Costa destaca que na área da saúde um big data pode guardar dados desde o nascimento da criança até quando essa chegar à terceira idade, o que favorece um diagnóstico apurado e confiável. “No médio e longo prazo, a tendência é que pequenas e médias empresas comecem a adotar ainda mais o uso do big data, e o crescimento da demanda por profissionais dessa área aumentar cada vez mais, bem como os serviços de cloud e recursos computacionais para guardar os dados”, finaliza.

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