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Futebol e basquete usam Inteligência Artificial para evitar lesão

A Inteligência Artificial apresenta, cada vez mais, uma vasta aplicação em atividades humanas, como por exemplo no esporte. Um estudo liderado por João Gustavo Claudino, pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, identificou quais eram os esportes coletivos que mais tinham aplicação de Inteligência Artificial (IA) para prevenir lesões e melhorar a performance e quais as técnicas dessa tecnologia eram as mais recorrentes. Os principais resultados apontaram para a prevalência do futebol e do basquete, com maior frequência das técnicas de redes neurais artificiais e de árvore de decisão, respectivamente.

Redes neurais

De acordo com Claudino, as redes neurais artificiais “são um modelo computacional baseado na estrutura e funcionamento das redes neurais biológicas”. Já a árvore de decisão “é um modelo de suporte que se baseia em uma sequência gráfica para buscar um resultado final de acordo com as possibilidades de cada contexto”.

Outro resultado destacado pelo pesquisador diz respeito à quantidade de homens e mulheres que participaram dos estudos. Dos 6.456 participantes, 97% eram homens e apenas 3% mulheres. “São dados que evidenciam essa diferença que existe no esporte profissional”, salienta.

Estudo

Claudino conta que o estudo foi desenvolvido a partir de uma revisão sistemática, ou seja, a busca na literatura científica por todos os artigos que tratavam do uso de Inteligência Artificial no rendimento esportivo e para previsão de risco de lesão. “Nos baseamos em três bases de dados que são referências na área: PubMed, Web of Science e Scopus. Então verificamos todos os artigos disponíveis de até cinco anos relacionados à aplicação de IA no esporte. Ao final do processo tivemos mais de 3 mil artigos. Desses artigos, alguns critérios foram aplicados e restaram 58”, explica.

Os critérios utilizados eram diferentes em cada etapa da seleção. Na primeira, os artigos duplicados, que não estavam em inglês e que não tiveram um processo de revisão por pares foram excluídos. Já na segunda etapa, os trabalhos removidos foram aqueles que não eram referentes a esportes coletivos e em que os atletas não eram de nível competitivo. Por último, foi realizada uma análise de qualidade dos artigos e só passaram para seleção final aqueles que tinham uma descrição detalhada dos algoritmos ou técnicas de IA usadas.

Prevenção de risco

A partir da análise dos 58 artigos selecionados, constatou-se que as duas técnicas mais recorrentes tanto para prevenção de risco de lesão como para melhoria de performance foram as de redes neurais artificiais e de árvore de decisão. Já com relação aos esportes coletivos, o futebol foi o mais incidente para risco de lesão e o basquete, para performance.

Os estudos sobre Inteligência Artificial foram iniciados há décadas, mas foi o contexto atual de desenvolvimento tecnológico que permitiu seu desenvolvimento e protagonismo. Claudino explica que muitas das técnicas encontradas na revisão bibliográfica já eram utilizadas há séculos. “O que muda é a quantidade de dados que temos hoje, chamada de big data. Não só a quantidade, mas também a variedade, velocidade de processamento dos dados e a confiabilidade permitem que essas técnicas de IA alcancem cada vez mais níveis de confiabilidade, acurácia e performance elevados”, finaliza.

O artigo, publicado na revista científica Sports Medicine, teve participação de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet/MG), da startup Load Control e de um pesquisador vinculado a universidades na China e Grécia.

Fonte: Jornal da USP

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