Metaverso: quando o virtual se torna real
Fabio Costa, CEO da Agência Casa Mais, pioneira em Realidade Virtual com 10 anos de mercado, ressalta como nossa vida será afetada pelo metaverso
Você já se imaginou vivendo em um mundo digital paralelo? Se a sua resposta foi sim, saiba que o metaverso está cada vez mais longe da ficção. Mais do que isso, não é difícil imaginar que ele pode não ser tão paralelo assim, mas o principal universo no qual as gerações futuras podem viver. Parece loucura? Mas não é. A seguir, você entenderá melhor como isso pode acontecer.
Um primeiro ponto a ser considerado sobre o metaverso é seu paradoxo, pois, com a internet podemos estar sozinhos em nosso quarto, porém conectados com várias pessoas simultaneamente, inclusive de diversas partes do mundo, em um outro ambiente, considerado, atualmente, como o mundo real.
“Para que exista um mundo digitalizado, precisamos criar nele verdades sobre possuir, sentir e viver, da forma mais parecida com a que temos hoje. Ainda que possamos trabalhar com a capacidade de adaptação e mutação do ser humano – que é real – precisamos entender que algumas coisas são insubstituíveis, como os sentimentos e os sentidos”, defende Fabio Costa, CEO da Agência Casa Mais, empresa paulistana pioneira em Realidade Virtual para o mercado corporativo.
Mas, afinal, o que é o metaverso?
“Meta, em grego, significa além. Verso, por sua vez, é um sufixo derivado para a palavra universo. O termo, então, é autoexplicativo, ainda que o conceito seja um pouco mais difícil de entender”, afirma Costa. Ele ressalta, no entanto, que a ideia já foi replicada em diversos filmes e seriados, cada um com sua característica, mas todos classificados, até o momento, como ficção. “Trata-se de um mundo virtual no qual você pode fazer simplesmente tudo o que faria no mundo real e muito mais.” Isso porque, em cinco minutos, por exemplo, é possível realizar uma série de atividades ao mesmo tempo que, fora desse ambiente, demandariam muito mais tempo e logística.
Costa reforça o possível avanço futuro do setor financeiro, um dos que já apontam para a viabilidade do metaverso.
“A digitalização desse mercado que anos atrás era representada pela criação de sites e aplicativos dos bancos, atualmente é muito mais acentuada. Os bancos tradicionais vêm sendo substituídos pelos digitais, que sequer precisam de agências físicas. O dinheiro em espécie é cada vez menos utilizado e as criptomoedas já não precisam mais ser trocadas pela moeda real para serem utilizadas.”
Outro indício de que o metaverso pode não estar tão distante é o consumo de bens digitais, que já se assemelha à forma de consumo no mundo real, como é o caso do universo dos games.
“Não é raro ouvirmos histórias de pagamentos de altos valores por skins e roupas para personagens de jogos online. Se, no começo desse movimento, essa compras eram impulsionadas pelo ganho de habilidades, hoje podem ser simplesmente feitas por motivos estéticos, assim como acontece no mundo real”, diz Costa.
Segundo Fabio Costa, a criação do metaverso tende a criar um marco singular na história, não só da tecnologia, mas da civilização.
“A criação do celular, por exemplo, foi um marco, porque mudou a nossa forma de viver. Mas o metaverso tende a ter uma importância ainda maior, caso realmente seja viabilizado. Se algum dia tivermos algo parecido com o que é projetado, ele mudará ainda mais bruscamente o dia a dia do ser humano.”
E por falar em dia a dia, Costa aborda como viveríamos nossa rotina por meio do metaverso.
“Obviamente, você deve estar pensando que existem coisas que precisam ser feitas no mundo real, e você está certo sobre isso. Mas, certamente, podemos pensar em algo que permita a simultaneidade de ações entre o mundo real e o metaverso, e isso é totalmente possível, com o uso da realidade mista”.
A realidade mista une duas realidades: a virtual e a aumentada. Enquanto a primeira é responsável por induzir efeitos visuais, sonoros e até táteis, por meio de um ambiente virtual, a segunda cria um ambiente totalmente artificial, incluindo novas informações digitais no espaço real. São justamente essas tecnologias que poderão alterar nosso cotidiano a partir do metaverso.
“Provavelmente, você já acordou e foi tomar o seu café enquanto via, no celular ou no computador, seus e-mails ou alguma notícia. Agora, imagine que, ao invés disso, você colocou seus óculos de Realidade Virtual e passou a ver o que quer dentro do seu ambiente. Nesse momento você entra em um ambiente de Mixed Reality, tecnologia também possível para o metaverso. Assim, você consegue ver e pegar, por exemplo, a sua xícara de café, ao mesmo tempo em que confere os seus conteúdos em telas virtuais e, por que não, interações do ambiente virtual com o real”, explica Costa.
Ao se preparar para o trabalho, por exemplo, Fabio Costa afirma que é possível chegar ao escritório por meio de um novo comando de voz. Ao chegar, o indivíduo conversa com sua secretária, que o atualiza sobre a agenda do dia em uma conversa real. Assim que ele entra em sua sala, ativa algumas telas virtuais para iniciar o seu trabalho.
“Vamos imaginar que, daqui a uma hora, esse indivíduo tenha uma reunião para viabilizar o investimento da construção de um novo condomínio residencial, dentro do metaverso, e precisa estudar para isso. Esse condomínio é voltado para jovens recém emancipados, que procuram um local com bastante entretenimento nos arredores. Então, ele se teletransporta para o local e anota quais são as atrações da região, para cruzá-las com outras informações”, exemplifica Costa.
Assim, na hora da reunião, a pessoa apresentará o projeto de forma presencial e interativa, convidando todos a visitarem o local. Dois dias depois, ela é informada que o projeto foi aprovado e já recebe, em criptomoedas, o valor para o investimento inicial e, então, entrará em contato com os desenvolvedores e programadores para dar início à construção do ambiente virtual.
“A ideia desse universo digital é que muitas coisas possam ser realizadas dentro dele, incluindo momentos de interação e, sobretudo, de diversão. Sendo assim, é natural que as pessoas estejam, a maior parte do tempo, imersas nele. Por isso existiria, também, a necessidade de trabalhar dentro do metaverso”, defende Costa.
Ele pontua que o grande desafio para o metaverso é realmente engajar as pessoas para que elas prefiram estar nele do que mundo real, e isso envolve diversos fatores.
“Além das vantagens de ter uma vida mais fácil e ágil – incluindo metodologias de trabalho mais eficientes e que permitam aumento do tempo livre – é preciso focar no aprimoramento do senso de presença, e essa necessidade passa por critérios objetivos e subjetivos, incluindo características e percepções particulares de cada indivíduo.” Além disso, muitas tecnologias precisam evoluir para concretizar esse desafio.
Porém, não se trata de uma tarefa impossível, principalmente porque muitas plataformas já atuam com a realidade virtual e aumentada, como é o caso da Agência Casa Mais, que desenvolveu uma plataforma chamada REUNI. Segundo o CEO da empresa, a ideia é criar ambientes virtuais para que as pessoas possam – com ou sem o uso de óculos de Realidade Virtual – estar em outros lugares, como salas de reunião, feiras de negócios e salas de aula, por exemplo. “Nossa ideia é, também, criar senso de presença, pois somente assim conseguimos bons resultados no mundo corporativo”, explica Costa.
Ele afirma, ainda, que a equipe da Agência Casa Mais está sempre atenta às novidades e que o foco do trabalho é sempre aprimorar as experiências imersivas para o mundo empresarial.
“Vejo que a demanda por soluções para as empresas é latente, porque a partir do momento que as pessoas acostumarem a viver em um suposto metaverso para se divertir e interagir, elas também vão querer estar nele para trabalhar”, finaliza.