Primeiro medicamento para depressão pós-parto já está em fase de testes
Em aprovação nas agências de saúde dos EUA(FDA) e Europa (EMA), remédio é classificado por ambas as instituições como “prioritário e inovador”
A depressão pós-parto é um distúrbio que afeta duas em cada dez mulheres no Brasil, e tem como principais sintomas o sentimento paradoxal da realização de ser mãe, misturada à culpa e ao medo de fazer mal ao bebê, choro compulsivo e, muitas vezes, com o impulso de rejeitá-lo. A alta incidência do transtorno e a falta de clareza no diagnóstico, nunca foram capazes de produzir um tratamento específico para este distúrbio, mas o novo composto denominado de Brexanolona pode reverter este quadro.
O medicamento atua basicamente como um hormônio sintético, que é produzido em abundância durante a gravidez: a alopregnanolona. Esta substância tem relação direta com um neurotransmissor de efeito calmante no organismo, o Gaba. No período pós-parto, a queda de alopregnanolona é abrupta e algumas mulheres não se adaptam a esta mudança radical, o que leva à instabilidade emocional. Por isso o novo medicamento age “repondo” a falta deste hormônio. “É uma abordagem refinada”, diz o psiquiatra Joel Rennó Junior, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas em São Paulo.
Até agora, o tratamento mais popular para a depressão pós-parto tem sido o uso de antidepressivos comuns, uma vez que, geralmente, agem na serotonina; neurotransmissor associado à sensação de bem-estar. Contudo, este método demora um pouco para fazer efeito (não menos que duas semanas).
Ação em 48 horas
A grande qualidade da Brexanolona é que pode ser administrada em uma única dose por injeção ou via oral e já começa a agir no organismo em 48 horas, o que é um enorme avanço para as mulheres que sofriam com o abatimento.
O medicamento foi testado em 226 mulheres, todas diagnosticadas com o distúrbio, de idade entre 18 e 45 anos e com bebês de até seis meses de vida. As pacientes em quadro grave tomaram uma única dose e já apresentaram melhoras; mesmo ainda tendo o distúrbio, conseguiam se levantar e cuidar de seus filhos com alguma facilidade, mas como ainda não existem dados sobre a segurança do tratamento para crianças, as mães tiveram que interromper a amamentação durante o estudo.
Com informações da revista Veja, edição 2.597, agosto de 2018.
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